terça-feira, novembro 14, 2006

Reflexões...

Uma grande parte da minha vida foi simplesmente caótica.
Andei às cegas.
Perdida em incertezas, amontoei sonhos em baixo da minha almofada.
E de cada vez que dormia ia buscá-los, um a um, determinada a viver com eles para sempre.
Tu estavas lá.
No meio desses sonhos, ocupavas um lugar, e de tudo sabias...
E se agora digo que deixaste um vazio, posso dizer-te com toda a verdade do meu coração, que o vazio é mórbido. Porque tu existias apenas.
Por isso, isto que sinto agora é diferente.
É um vazio pela revolta, um vazio pelo teu lugar deixado vago, porque tu nunca lá pertenceste.
Se eu tivesse compreendido que a tua principal intenção era a mentira, a cobiça, não teria lutado mais por ti.
Mas teria certamente lutado de outra maneira.
Mas para lutarmos por alguma coisa também temos de ser fortes.
E para sermos fortes é preciso gostarmos de nós tal como somos.
E para gostarmos de nós como somos temos de nos conhecer profundamente.
Até o que está mais oculto. E aceitar. Até o que nos parece mais aterrador.
Sabermos procurar em nós todos os “pontos negros” e aprendermos a viver com eles, quando não conseguimos tirá-los, é demasiado difícil para o comum dos mortais, como eu.
Só alguém com dotes extraordinários, poderá levar a bom termo tão árdua tarefa, com o mínimo de sofrimento. E tu foste um grande "ponto negro" na minha vida... e cada dia que passa aumentas de tamanho.
Eu e os restantes, somos frequentemente atirados, para o leito do rio, e só graças á matéria de que somos feitos, não vamos ao fundo e flutuamos. Isso dá-nos a ideia de sairmos vencedores de mais uma grande batalha.
E é também essa ideia de vitória que nos dá alento para corrermos velozmente em busca de pequenos tesouros a que damos tanta importância.
As pequenas coisas do dia a dia.
As pequenas conquistas que nos dão uma falsa felicidade. Falsa e efémera.
Mas sem darmos por isso continuamos a deslizar para onde a corrente nos arrasta. De vez em quando surge um obstáculo que nos obriga a parar.
Mas depois a água volta a subir e liberta-nos.
Muitas vezes, não sabemos bem para onde vamos, mas continuamos, satisfeitos por conseguirmos manter a cabeça à superfície.
Quando finalmente nos tornamos mais conscientes da nossa viagem e nos interrogamos: “estou a ir para onde?”Abrimos os olhos de espanto, e constatamos que não nos espera uma margem onde podemos descansar.
Ao invés disso, abre-se o mar à nossa frente para nos engolir.
Por isso, rezo todos os dias para que não me deixe levar pela corrente.
E embora, por vezes não pareça crer, eu sei que sou capaz de resistir à força das marés.

1 comentário:

Anónimo disse...

as lições de "natação" para que não te deixes levar pela corrente, ser-te-ão dadas nas pequenas coisas do dia a dia, e acima de tudo na força que encontras para lutar contra a maré.
E na lua, claro ;)
Pequenos nadas na nossa vida passam a ter tanto significado...